FALE COM OS MONARQUISTAS !

FAÇA PARTE DO NOSSO GRUPO NO YAHOO

Inscreva-se em DMB1890
Powered by br.groups.yahoo.com

domingo, 30 de maio de 2010

PEDRO DA CUNHA E MENEZES: CONCORDO COM VOCÊ, "MALDITO JUSCELINO !"


Literatura


'Maldito Juscelino': diplomata passeia por 1.502 bairros do Rio em romance policial


Publicada em 29/05/2010 às 20h37m

Hugo Naidin
O GLOBO


RIO - "No terceiro dia, quando Campo dos Afonsos finalmente chegou, reconheceu sem dificuldade a senhora Vidigal.

A mulher abraçada a Honório Gurgel na fotografia à margem da piscina, e a acompanhante do capitão Bento Ribeiro no Casa Shopping e no Maracanã eram a mesma pessoa.

Naquele mesmo dia, Rocha telefonou a Vaz Lobo".

Em poucas linhas do livro "Maldito Juscelino", do diplomata e jornalista Pedro da Cunha e Menezes, oito referências a lugares do Rio que são, ao mesmo tempo, personagens e locações do romance.

Oito de exatas 1.502, distribuídas ao longo de uma história policial sobre os caminhos e descaminhos da cidade: a suspeita de um 'acerto de contas' após o estupro da mulher de um major; um capitão que alerta sobre uma invasão do morro ao chefe do tráfico; as ondas do Grumari; o sanduíche do Cervantes.


Leia trechos do livro 'Maldito Juscelino, do diplomata Pedro da Cunha e Menezes.

Em pleno ano do cinquentenário de Brasília, um livro chamado "Maldito Juscelino", em capa vermelho-sangue, deve, no mínimo, se destacar nas prateleiras.

O autor garante que o lançamento, agora, é apenas uma feliz coincidência - embora também, admite, uma "provocação interessante".

O ataque ao presidente que tomou a capital do Rio é feito por um dos personagens, mas Pedro se apressa em dizer que não concorda com a afirmação:


- Colocar a culpa da decadência do Rio no JK é uma simplificação.

O Rio tem muita culpa própria.

Claro que o Rio deixou de ser o centro do poder, mas o problema foi que não soubemos lidar com isso.

São Paulo nunca foi capital.


Antes, porém, da discussão sobre culpa, o livro apresenta um Rio essencialmente multifacetado, não só do ponto de vista social como geográfico.

Montanhista e ex-comissário de bordo, Pedro da Cunha descreve com detalhes as trilhas do Alto da Boa Vista e a chegada de avião pelo Aeroporto Santos Dumont.

A natureza carioca é tão personagem quanto a corrupção policial e a disseminação das drogas.

Ao final, nem o próprio escritor - autor de outros 15 livros sobre o Rio, atualmente morando na Cidade do Cabo - sabe dizer se a beleza daquela compensa o flagelo destas.


- Sou daqueles que ainda acham o Rio a cidade maravilhosa.

A possibilidade de tomar um banho de cachoeira, olhar para cima e ver a Serra da Carioca brilhando atrás da Lagoa Rodrigo de Freitas é um baita prêmio.

Isso é um 'ativo' da cidade difícil de ser igualado em qualquer lugar do mundo, o que me deixa orgulhoso de ser carioca, apesar do esforço que temos feito para destruir tudo.


A pesquisa começou há vinte anos.

Com tempo livre e uma moto na garagem, Pedro comprou um guia Quatro Rodas, outro sobre os bens tombados da cidade, e pôs-se à empreitada particular de conhecer todos os bairros do Rio.

Não conseguiu, mas chegou aos honrosos 1502 endereços - entre bairros, favelas e locais de importância afetiva, como a escada do chileno Slarón, na Lapa, ou as Ilhas Cagarras.

Seu receio era de que, em meio a tantas referências contidas no livro, de modo mais ou menos explícito, a história em si ficasse em segundo plano.

Talvez por isso, os trechos sobre violência e polícia (e violência policial) tenham adquirido tintas tão carregadas.

Ambientado em 2001 - antes, portanto, da chegada das Unidades de Polícia Pacificadora -, "Maldito Juscelino" traz, em palavras ficcionais de oficiais da PM, comandantes do Bope, traficantes e usuários de drogas, a radiografia de uma cidade, ao contrário de Brasília, nada planejada.


"Sou um entusiasta das UPPs, elas são um passo no caminho certo, mas estão longe de ser a panaceia.

Como o próprio (secretário de Segurança, José Mariano) Beltrame diz, uma coisa é reduzir a violência, outra é acabar com o tráfico.

Cada vez que vou ao Rio me parece que a cidade tresanda a droga; as pessoas fumam maconha na praia, em festas, e falam sobre isso com naturalidade.

Ora, crime é aquilo que a sociedade repudia - e acho que no Rio a sociedade não repudia a droga.

Então precisamos discutir isso: como é possível implementar uma lei contra algo que é socialmente aceito?

Desde que sou criança vejo essa política do enfrentamento, que mata mais do que a doença; para cada pessoa que morre de overdose, dezenas morrem no combate ao tráfico.

Então me parece que o modelo está falido.

E a primeira coisa que se aprende numa escola militar é: guerra perdida você não luta".

Nenhum comentário: