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domingo, 30 de maio de 2010

Símbolo da modernização do Rio, avenida Rio Branco será fechada para carros

publicado em 30/05/2010 às 06h00:


Símbolo da modernização do Rio, avenida Rio Branco será fechada para carros


Prefeitura fechará via em caráter experimental no próximo dia 26 para testar projeto


Carolina Farias, do R7, no Rio



Foto por Augusto Malta/1906



Veja mais imagens

A avenida Rio Branco, inaugurada em 1905, mudou a paisagem da cidade e criou modismos no Rio de Janeiro


Marco da modernização pelo qual o Rio de Janeiro passou no início do século passado, a avenida Rio Branco será palco de outra transformação pouco antes de completar 105 anos.


No próximo dia 26, a Prefeitura do Rio bloqueará a via para veículos em caráter experimental e elabora um projeto para fechar de vez a avenida, um dos principais corredores do centro da capital carioca.


A administração municipal quer transformar a Rio Branco em um bulevar ou parque. A medida causa polêmica ao dividir opiniões.


Veja fotos da avenida Rio Branco

A construção da avenida foi inspirada nos modelos de bulevares franceses e foi inaugurada com 33 m de largura e 1.800 m de extensão.


Inicialmente, a via ganhou o nome de avenida Central – só em 1912, ela recebeu o nome atual, em homenagem ao barão do Rio Branco, diplomata e ministro das Relações Exteriores.


A Rio Branco nasceu a partir da revolução arquitetônica pela qual passou a cidade no início do século passado, por determinação do governo federal, que era sediado no Rio.


O então presidente Rodrigues Alves determinou a remodelação da capital – na época a vida na cidade era basicamente concentrada na região central e parte da zona norte – para torná-la mais bonita e, principalmente, com mais saneamento.


Na época, a capital sofria com epidemias de várias doenças, entre elas, a febre amarela. A época ficou conhecida como a do “bota abaixo”, por causa das demolições ocorridas para abrir as vias, entre elas, a Rio Branco, com traçado mais largo.


Na avenida, se instalaram importantes instituições artísticas e culturais como o Theatro Municipal, na Cinelândia, a Biblioteca Nacional e o Museu de Belas Artes (antes Escola Nacional de Belas Artes).


De acordo com o livro Rio de Janeiro na época da Av. Central, lançado no centenário da avenida, a reforma urbana mudou os hábitos dos cariocas, principalmente em relação ao espaço público.


A publicação conta que, "enquanto boa parte da população pobre precisou refazer sua vida nos subúrbios e morros, onde efervescia a cultura popular, as elites, moldadas pelos costumes franceses, passaram a frequentar intensamente as ruas do centro da cidade.


Suas lojas de artigos importados, seus modernos restaurantes, seu glamour trariam a Europa ainda mais para dentro do país.


A avenida marcaria o início da Belle Époque carioca, período que se estenderia até a Exposição de 1922”.


Maria Inez Turazzi, historiadora e doutora em arquitetura e urbanismo pela USP (Universidade de São Paulo), que prestou consultoria para a publicação, explica que o projeto da avenida era exemplar, pois também previa qual o pavimento e calçamento seria usado.


Para a construção dos prédios, segundo ela, houve concurso de projetos para evitar edifícios de mau gosto.


Maria Inez destaca que o engenheiro Paulo de Frontin, responsável pela obra da avenida e depois prefeito do Rio, fez o calçamento da Rio Branco com pedras portuguesas, inspirado no calçamento de Lisboa.


Tempos depois, quando o engenheiro assumiu a administração do município, colocou o mesmo piso no calçadão da avenida Atlântica, em Copacabana, uma das imagens mais conhecidas do Rio.


- Com a avenida Central, nasceu um código de posturas na cidade.


Ela virou um cartão-postal.


É uma história rica.


A vida da cidade passou por ela.


Deveria ser cuidada com mais carinho.

Fechamento polêmico


Atualmente a Rio Branco continua a guardar sua importância, mas, além do aspecto cultural, sua relevância é grande devido à concentração de edifícios comerciais.


A via também é um dos principais corredores de ônibus e carros e tem duas estações do Metrô Rio – Cinelândia e Carioca.


Fechá-la alteraria a vida no centro da cidade.


Na ala dos que se declaram contra o fechamento da Rio Branco, está o superintendente do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico e Nacional), Carlos Fernando Andrade.


Na opinião do responsável pelo órgão de proteção ao patrimônio no Rio – que também fica na avenida –, a medida prejudicaria muito o trânsito da região e o centro não precisa de mais um parque.


- Por que a Rio Branco?


Ela é moderna.


Já é um bulevar no sentido francês, com calçadas largas.


Fechar a Rio Branco não tem sentido nenhum.


O Rio já tem muitos parques.


Aqui perto mesmo têm dois: a praça Paris e o Parque do Flamengo.


Andrade teme que, se transformada em parque, a Rio Branco seja mais uma área de lazer subutilizada.


Ele citou como exemplos o Campo de Santana, na avenida Presidente Vargas, e o Passeio Público.


Para ele, a avenida poderia sofrer melhorias, mas o fechamento é muito “radical”.


- O trânsito na Rio Branco tem de ser melhorado.


As bancas de jornais, por exemplo, são obstáculos.


Se transformaram em verdadeiros apartamentos nas calçadas e outdoors também.


Já a historiadora aprova a ideia de testar um fechamento para a avenida.


- Louvo a iniciativa de que se queira testar, pensar na possibilidade de fazer novamente [da avenida] um cartão de visitas.


Quem passa pela Rio Branco diariamente também tem dúvidas sobre o projeto de fechamento.


Para Leandro Leal , funcionário de uma banca de jornais da avenida, a proposta não é boa.


- Vai ser ruim. porque vai diminuir bastante nosso movimento.


Atendemos mais ou menos mil pessoas por dia.


O mensageiro Marcelo Maycon Azevedo também disse acreditar que o fechamento vai prejudicar quem precisa frequentar a avenida.


- Vai atrapalhar quem trabalha na região. Trabalho em dois lugares aqui e para ir de um ponto para outro eu vou de ônibus.


Mas há quem acredite no projeto, como o ambulante Jorcelino Pereira Lopes, de 70 anos, que trabalha há 25 na região da Rio Branco.


- Só dá para saber depois de fechar.


Tem coisas que a gente pensa que dá errado e dá certo.


Quando o Getúlio [Vargas] queria fazer a [avenida] Presidente Vargas também acharam que ele estava maluco.


No entanto, ela está aí.


Tem que fazer para ver.

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