A Igreja de São Pedro
16/08/2010 - 10:32
Enviado por: Paulo Pacini
JB
Dentre o vasto e diversificado patrimônio histórico e cultural do Rio de Janeiro, destacam-se seus vários templos históricos, erigidos desde o século XVI.
O período barroco, impulsionado pela descoberta do ouro nas Minas, nos legou alguns dos mais belos exemplares, e, dentre estes, um ocupava lugar especial pela singularidade arquitetônica.
A igreja de São Pedro dos Clérigos teve construção iniciada em 1773, em terreno na esquina das ruas São Pedro (lado par da presidente Vargas) e Ourives (Miguel Couto), sendo a primeira das Américas com traçado curvo, formada por uma rotunda com quatro arcos constituindo a capela-mor, o coro e os altares laterais.
O interior era decorado por rico trabalho de talha de Mestre Valentim.
Foi local de sepultamento de personagens célebres, como o padre José Maurício, o poeta Silva Alvarenga, além dos historiadores Monsenhor Pizzaro e Luís Gonçalves dos Santos, o Padre Perereca.
Igreja de São Pedro, exemplar único do barroco carioca
Negras nuvens começaram a pairar sobre São Pedro quando, durante o Estado Novo, decidiu-se abrir a avenida presidente Vargas.
Vendida como solução para o tráfego, uma falácia na qual muitos ainda acreditam — sabe-se há muito que a única saída para o transporte em cidades de grande porte é uma rede abrangente de metrô — a obra arrasou grande parte do Centro, levando consigo vários marcos históricos.
A igreja de São Pedro foi a última a cair em 1943, apesar das tentativas para que o templo fosse preservado feitas por Afonso Arinos e Rodrigo de Melo Franco Andrade, diretor do recém-criado SPHAN (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Dentre as possibilidades constava um plano para deslocar o templo para a lateral da avenida, uma operação conhecida e sem nenhum mistério, que os americanos realizavam desde o início do século XX, inclusive em prédios com várias vezes o tamanho da igreja.
De nada adiantou, e acabou prevalecendo a subserviência diligente dos aduladores de plantão, sempre em grande número em regimes autoritários.
O portal original ainda pode ser visto no templo moderno, na avenida Paulo de Frontin, no Rio Comprido.
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