Palestra proferida por Aniello Angelo Avella, pesquisador italiano versado em "Emigrações:
História, culturas e trajetórias" na Academia Brasileira de Letras do Rio de Janeiro em 11 de outubro de 2011.
Teresa Cristina: a descontrução do mito da imperatriz silenciosa"
FONTE:
CLAUDIA VIRMOND MADEIRA
Em palestra realizada ontem na Academia Brasileira de letras, o pesquisador italiano de História, Aniello Angelo Avella, revelou muitos fatos que colocam uma nova luz sobre a Imperatriz Teresa Cristina, que manteve sempre a imagem de uma mulher silenciosa ou, segundo ele, melhor seria dizer "silenciada". Poucos sabem que a Imperatriz Tereza Cristina era muito mais do que uma submissa e bondosa mãe e esposa. Extremamente culta, ia além dos conhecimentos musicais em que superava o marido. Foi ela quem decidiu que Carlos Gomes devia estudar na Itália, contra a vontade de D. Pedro II, que queria que o jovem músico estudasse na Alemanha, com Wagner. Tinha verdadeira paixão por arqueologia, sendo profunda conhecedora do assunto. Realizou diversos intercâmbios nesta área com a Itália, seu país de origem, a fim de trazer para o Brasil importantes descobertas arqueológicas italianas, etruscas e afrescos de Pompéia, criando a maior coleção no gênero da América Latina. Aparentemente, o estudo da arquelogia era uma tradição em sua família, e ela também se empolgou pelo assunto. As peças trazidas por D. Tereza Cristina ainda fazem parte, no presente, de exposições no Museu da Quinta da Boa Vista, onde são preservadas. Em troca, a Imperatriz enviava artefatos indígenas, que provocavam uma natural curiosidade na Europa. Ao contrário do que muitos pensam, há comprovação de que também exercia influência sobre D. Pedro II em assuntos políticos, principalmente nas áreas de saúde e educação. Mas o mais surpreendente são as cartas de sua filha Leopoldina em que esta se lamenta a respeito do caráter "um pouco dominador" de sua mãe, apesar de reconhecer seus méritos como excelente pessoa. Segundo Leopoldina, "mamãe quer que tudo ande do seu jeito, apesar dos preceitos bíblicos, segundo os quais a mulher deve ser submissa ao marido". A prova disso são muitas cartas da Imperatriz a D. Pedro II, a quem manteve total devoção até o fim da vida, com pedidos de desculpas por atos ou palavras mais contundentes do que o habitual. Exemplo:"não vejo a hora de abraçar-te, e perdir perdão por tudo que fiz nos últimos dias ", e em outra carta: "não estou irritada, você deve perdoar o meu caráter duro". O pesquisador atribui o desconhecimento a respeito da personalidade da Imperatriz ao esforço em manter o foco de todas as atenções positivas sobre D. Pedro II. Perdoem a deficiência técnicas das imagens, que foram editadas a fim de resumir a palestra de mais de 1 hora apenas às questões que abordam diretamente D. Teresa Cristina, mas vale pela riqueza de informações, tão importantes para a recuperação de nossa memória nacional, e tão minuciosamente documentadas pelo historiador italiano.
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