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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Historia que não ensinam na escola, Florianopolis - O nome

A Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, ou simplesmente Fortaleza de Anhatomirim, ergue-se na ilha de Anhatomirim ("ilha pequena do diabo" em língua tupi), na barra norte do canal da ilha de Santa Catarina, atual município de Governador Celso Ramos, no litoral do estado de Santa Catarina, no Brasil.



JB SIQUEIRA NETO



-----Mensagem original-----

De: Dom Paulo [mailto:jairpaulo@terra.com.br]

Enviada em: sexta-feira, 21 de janeiro de 2005 00:01

Para: Gen Santa Catarina; Origens; GenealBR

Assunto: [GBr] Historia que não ensinam na escola









Historia que não ensinam na escola





Florianopolis - O nome





Uma das dezenas de ilhotas ao redor da Ilha de Florianópolis, principal pólo turístico do sul do Brasil, esconde no cenário paradisíaco pintado com cores naturais pelo azul do mar e realçado pelas marcas irretocáveis do tempo uma história de fantasmas daquelas de arrepiar. O palco principal é a Fortaleza de Santa Cruz. Nela ainda há quem escute o arrastar de correntes dos 185 homens fuzilados, degolados ou enforcados em abril de 1894 acusados de conspiração contra o presidente Floriano Peixoto no episódio que pôs fim à Revolta da Armada.



Os funcionários da Universidade Federal de Santa Catarina, que cuidam do lugar, são testemunhas. O zelador Amílton dos Santos, o "Nino", de 38 anos, já cansou de sair da cama para conferir sons que pareciam passos nos assoalhos. São doze anos de madeira rangendo, correntes sendo arrastadas - além do barulho das ondas que quebram no mar. O nome do lugar não ajuda em nada. Anhatomirim significa, em tupi-guarani, Pequena Ilha do Diabo.



"Algumas vezes os ruídos pareciam tão reais que tive certeza de que encontraria alguém, vivo ou morto", conta Nino. Sem desdenhar da possibilidade de Anhatomirim ser um lugar carregado - "Se eu disser que assombração não existe, elas podem aparecer só para provar o contrário" -, ele ensaia uma explicação racional. "A madeira pega sol durante o dia e trabalha à noite, estalando. E às vezes trabalha tanto que arrebenta os pregos enferrujados. Daí o barulho que lembra o de correntes sendo arrastadas."



A bem da verdade, os fantasmas de Anhatomirim estão mais vivos do que nunca na memória de uns tantos manezinhos da ilha - como são conhecidos os nascidos na parte da capital de Santa Catarina cercada por algumas das praias mais belas do litoral brasileiro e enfeitada pela Lagoa da Conceição.



Banidos da História



Só os turistas que lotam hotéis e pousadas não chegam a perceber a reação dos moradores ao nome da cidade. Anhatomirim virou atração depois que a Universidade Federal de Santa Catarina reformou os dez prédios que compõem a fortaleza erguida entre 1739 e 1744. Só no ano passado recebeu cerca de 100 mil visitantes - que chegam até ela de escuna, num passeio com duração de 40 minutos e parada para banho em alto-mar, por R$ 35,00 mais R$ 4,00 pela entrada na ilha. A maioria sai de lá sem saber da ligação entre o lugar e a origem do nome Florianópolis, pois os fuzilamentos e enforcamentos são citados apenas de passagem pelos guias turísticos.



No Mercado Público e nas rodas de dominó da Praça 15 de Novembro, no entanto, não é difícil encontrar quem se recuse a escrever ou até mesmo pronunciar a palavra maldita: "Florianópolis". Não vai tão longe assim o tempo em que essa resistência chegou a gerar movimentos articulados que pregavam um rebatismo. Ajudam a manter indelevelmente acesa a chama da mudança às lembranças da Chacina de Anhatomirim, uma história banida do ensino oficial, mas repassada de geração em geração há 110 anos.



Os fantasmas de hoje eram os rebelados de ontem. Faziam parte do grupo de revoltosos da Marinha que, nos turbulentos anos que se seguiram à Proclamação da República, se insurgiram contra o governo do Marechal de Ferro e tentaram tirá-lo do poder. Enquanto a revolta era combatida no Rio de Janeiro, seis navios sob comando dos rebeldes seguiram rumo ao Sul. No final de setembro de 1893, a Ilha do Desterro - primeiro nome dado ao acidente geográfico batizado de Ilha de Santa Catarina, que forma hoje, com a parte continental, a capital Florianópolis - foi invadida e declarada Capital Provisória da República.



Com apenas 20.000 habitantes, o lugarejo - que sequer tinha ligação com o continente, já que a primeira das três pontes do arquipélago seria inaugurada três décadas depois - não teve como resistir à invasão. Quando os navios República e Palas se aproximaram da ilha, a instauração do governo provisório foi simplesmente comunicada às autoridades locais e posta em prática sem violência. Três meses depois, o encouraçado Aquidaban, à época o maior navio da Marinha do Brasil, trazia o líder da revolta: Custódio de Melo.



Enquanto isso, o marechal Floriano Peixoto organizava uma nova frota, comprada às pressas no exterior e enviada a Ilha do Desterro, em abril de 1894, com quinhentos homens liderados pelo coronel Moreira César, para reconquistar a cidade. Levados a Anhatomirim, os prisioneiros passaram por humilhações e tortura antes de executados sem julgamento. Entre eles estavam dezenas de moradores acusados de colaborar com os revoltosos. Gente que fazia parte da elite social e intelectual da cidade - como o juiz Joaquim Lopes de Oliveira e o comerciante Caetano Nicolau de Moura - e militares - como o marechal Manoel de Almeida Gama d'Eça, o Barão do Batovi, um herói da Guerra do Paraguai.



Oportunismo e humilhação



A Ilha do Desterro foi, então, rebatizada por um desses oportunismos políticos. O deputado Genuíno Vidal propôs, em outubro de 1894, que a vitória do presidente fosse eternizada com a troca do nome da cidade para Florianópolis. Com o marechal ainda no poder, ninguém se atreveu a contestar a idéia. Só dois anos depois, quando os jornais de oposição voltaram a circular, foram registrados os primeiros protestos. Em editorial na edição de 3 de julho de 1896, o jornal "O Estado" deu o tom: "O tal nome, semelhante a um escarro cuspido em nossa capital, bateu na lâmina limpa de sua cútis, escorreu para baixo e veio emporcalhar aquele que o cuspira."



Florianópolis virou uma humilhação. Não foi por outra que, há uma década, o movimento Cem Anos de Humilhação reuniu historiadores, advogados e jornalistas em defesa da substituição do nome. A articulação esbarrou na Lei Orgânica do Município, que estabelece que isso só pode ser feito por plebiscito convocado pela Câmara de Vereadores.



Como o nome original, Desterro, poderia espantar os turistas, o movimento admitia algumas alternativas. Ilha de Santa Catarina, Ondina, por sugestão do poeta Virgílio Várzea, Meiembipe, nome dado à ilha pelos índios carijós e que significa Montanha Dentro do Mar e, até mesmo, a oficialização do apelido Floripa, que para muitos seria suficiente para desvincular a imagem da cidade da de Floriano Peixoto.



A proposta de submeter à população a escolha de um novo nome para a capital catarinense conquistou a simpatia de uns poucos vereadores dos partidos de esquerda, mas não seguiu adiante na Câmara de Vereadores. Quatro anos antes, a vereadora Jalila El-Achkar, do Partido Verde (PV), teve uma decepção ainda maior ao apresentar o mesmo projeto: nenhum colega a apoiou.



"O assunto foi tratado com desdém, como uma idéia exótica de uma vereadora de um partido exótico", lembra Jalila, hoje dona de uma imobiliária. "A troca do nome só será possível quando a população realmente desejá-la, mas enquanto a história da chacina de Anhatomirim não for contada de verdade nas escolas não haverá a menor chance."



Os fantasmas do general



Os maiores críticos da proposta de trocar o nome da cidade são os empresários ligados ao turismo. "Mesmo que Floriano Peixoto tenha sido um sanguinário, não se pode abrir mão de uma grife conhecida no

mundo inteiro em função do que ocorreu há mais de cem anos. Isso traria enormes prejuízos à cidade", diz o presidente da seção catarinense da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, João Eduardo Amaral Moritz. Mesmo os que sabem da Chacina de Anhatomirim acham que o prazo de validade do revanchismo já está vencido.



A antigüidade do nome é um argumento usado com freqüência para defendê-lo, mas quem prega a substituição lembra que a denominação anterior tinha mais de dois séculos. Desterro era uma simplificação

de Nossa Senhora do Desterro, escolhida para padroeira da povoação fundada pelo bandeirante paulista Francisco Dias Velho em 1675.



O desterro de Nossa Senhora deu-se quando Herodes decretou a morte de todas as crianças com menos de dois anos e Maria fugiu para o Egito para salvar Jesus. Na campanha pela adoção da homenagem a Floriano, Genuíno Vidal afirmava equivocadamente que o nome Desterro se originara do fato de a ilha ter sido usada como prisão para criminosos portugueses.



Pelo menos um companheiro de farda do marechal sentiu a reação dos manezinhos toda vez que seu nome é evocado. Foi o inesquecível presidente João Figueiredo. Em meio a uma campanha de popularização do último governo militar, ele resolveu visitar a ilha em novembro de 1979 para inaugurar uma placa em homenagem a Floriano Peixoto na Praça 15 de Novembro. Pra quê?



Depois de apedrejar o palácio do governo estadual e atacar os carros oficiais, estudantes conseguiram arrancar a placa e queimá-la no meio da praça. De quebra, provocaram uma das reações mais bizarras da

história republicana brasileira. Conhecido pelo destempero emocional, Figueiredo reagiu às provocações, trocou desaforos com os estudantes e quis partir para a briga no corpo-a-corpo. Teve de ser contido pelos seguranças. Dizem que o vexame foi coisa dos fantasmas de Anhatomirim.









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