Patrimônio histórico, poste da Glória é derrubado no carnaval
Queda foi provocada por folião. RioLuz retirou equipamento, mas não há data para reinstalação
RIO - Em fase de restauro pelo programa
Lapa Legal, a murada da Glória, tombada pelo Instituto Estadual do
Patrimônio Cultural (Inepac), foi alvo de depredação neste carnaval. Um folião
derrubou a luminária durante a passagem de um bloco. Ele teria subido no
guarda-corpo e forçado a base do poste, até levá-lo ao chão, relata o leitor
Jorge Bernardo Mendes. A RioLuz recolheu a estrutura para ser restaurada, mas,
por se tratar de uma peça antiga, o trabalho é artesanal e ainda não tem data
para ser finalizado.
“A Glória é um bairro de rico acervo histórico, mas que sofre frequentemente
com a ação de vândalos. É desanimador ver esse desrespeito pela cidade, enquanto
a prefeitura se esforça para recuperar o pouco que restou”, observou o
leitor.
Construída em 1905, a balaustrada é um exemplo da degradação da Glória -
tendo sido usada como varal por moradores de rua, inclusive. A desvalorização do
bairro nas últimas quatro décadas é apontada pelo subsecretário de Patrimônio
Cultural, Washington Fajardo, como um dos motivos para o crescente vandalismo.
Embora pondere que os motivos para a depredação sejam vários, Fajardo observa
uma maior desvalorização do patrimônio cultural em regiões antes abandonadas
pelo poder público.
“Felizmente, estamos atuando na área e poderemos corrigir esse dano. Mas
foram anos de abandono na Glória, Lapa e Centro, que reforçaram a desvalorização
dos bens culturais. Isso ainda é acentuado pela falta de consciência histórica
da população. É preciso envolver toda sociedade para manter esse trabalho”,
defende o subsecretário.
Além da murada, o chafariz da Glória tem sido alvo recorrente de vândalos. Só
em 2010, a fonte passou por quatro
restaurações e cinco depredações. Para conter os ataques, o Instituto do
Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) sugeriu a
instalação de uma barreira de vidro no local.
A recuperação da murada da Glória, tombada em 1983, faz parte do programa
Lapa Legal, orçado em R$ 12 milhões. De acordo com o subsecretário Fajardo,
o guarda-corpo e as luminárias, que estavam destruídos, já passaram por reforma.
Nos próximos dias, a prefeitura planeja realizar a limpeza das pichações e
concluir os trabalhos em abril. Ainda em fevereiro, a Praça Cardeal Câmara,
vizinha aos Arcos da Lapa, foi
reinaugurada, após receber placas de granito no entorno.
Depredar o patrimônio público é crime. Se pego em flagrante, o infrator
poderá ser preso. A pena varia de seis meses a três anos de
prisão.
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