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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

PRAÇA TIRADENTES. . . DOM PEDRO I, REINA !


Recuperação da Praça Tiradentes traz à tona discussão sobre mudança de perfil da área


Região, agora revitalizada, passa por período de transição

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Praça Tiradentes está recebendo novos investimentos, como hotéis, restaurantes, escritórios de advocacia e casas noturnas Foto: Gustavo Stephan / O Globo
Praça Tiradentes está recebendo novos investimentos, como hotéis, restaurantes, escritórios de advocacia e casas noturnas Gustavo Stephan / O Globo
RIO - Do alto do seu cavalo de bronze, Dom Pedro I já viu acontecer de tudo um pouco na Praça Tiradentes. Em 150 anos, passaram, diante da estátua, Bidu Sayão criança; o maestro Carlos Gomes; os espetáculos do Teatro de Revista; os encontros na tipografia de Paula de Brito, que reunia grandes nomes da literatura brasileira, a começar por Machado de Assis; os últimos momentos de Chiquinha Gonzaga e as filas para entrar na Estudantina nos anos 1980. O monumento também testemunhou a praça mergulhar em decadência nas últimas décadas. E o que será que os olhos do imperador verão nos próximos anos? Recentemente revitalizada e sem os gradis que a separavam do povo, a Tiradentes agora busca nova vocação, que também pode representar um retorno ao passado glorioso. O empresário Armando José da Costa Dias, de 48 anos, diz que o comércio está meio perdido, e a praça sem um perfil definido. Ele representa nada menos que a terceira geração da família que comanda a sapataria Tic Tac, na Tiradentes desde 1919.
— Estamos num período de transição — explica Armando diante da promessa de novos investimentos para a praça, que incluem um cabaré voltado para o Teatro de Revista e até um hotel cinco estrelas (o primeiro do Centro do Rio). — É preciso que a circulação volte à praça. Perdemos gente com a retirada dos pontos de ônibus. Mas isso pode ser compensado com a vinda de novos empresários.
O anúncio da ocupação de alguns edifícios históricos, hoje malconservados, parece trazer ânimo para quem já aposta na praça há tempos. Isnard Manso, presidente da associação Polo Novo Rio Antigo e fundador do Centro Cultural Carioca, continua acreditando na área: há um ano, ele abriu o Gaspar, bar e braseiro que hoje ajuda a movimentar a região também à noite. O negócio funciona próximo ao Teatro João Caetano, num casarão de três andares que também abriga a companhia de dança de Isnard.
— A praça está à espera de empresários mais audaciosos, que ajudem a mudar a ocupação do local — afirma Isnard, que defende incentivos fiscais para atrair novos empreendimentos.
Cabaré de R$ 1 milhão deve ser aberto em 2013
Ele é do time que acredita na velha praça — a dos teatros, cafés e restaurantes, movimento que teve seu apogeu no século XIX. O empresário Plínio Fróes, do Rio Scenarium, abrirá, no fim do ano que vem, um cabaré na Tiradentes, voltado para o Teatro de Revista e com papel também de casa noturna. O negócio abrangerá dois casarões interligados, que já tiveram suas fachadas recuperadas. As obras, que incluem refazer toda a parte interna, praticamente em ruínas, custarão R$ 1 milhão.
— Não vamos repetir nenhuma receita do que fizemos até hoje e vamos evocar o passado da Praça Tiradentes. Para isso, nada melhor do que desenvolver a vocação da praça no passado, que era dos cabarés e do Teatro de Revista.
O empresário ainda adquiriu um terceiro imóvel, que ele pretende usar para eventos fechados. Mas o mais novo investimento anunciado é o da transformação do Hotel Paris num cinco estrelas. Para repaginar o antigo ponto de prostituição, os irmãos François-Xavier e Jacques Dussol gastarão R$ 10 milhões. Perto dali, o Centro de Referência do Artesanato, do Sebrae, prepara-se para expandir sua área para o Solar do Visconde do Rio Seco, a mais antiga construção da praça (do final do século XVIII), tombada pelo Iphan, e há anos desocupada pelo estado. Numa estimativa do Sebrae, que tem agora a concessão do endereço, serão gastos R$ 50 milhões nas obras de recuperação, que começam no ano que vem e ficam prontas para a Copa de 2014.
A vida noturna na Praça Tiradentes tende a ganhar novas opções e público, mas a vontade da prefeitura é que a característica da área seja a mais diversa possível. Animado com o projeto do Sebrae, o arquiteto Washington Fajardo, presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, diz que o município trabalha para que a noite não sejo o principal atrativo. Para ele, a recente instalação de dois escritórios de design e um de advocacia contribui para essa linha.
— A gente não pode deixar que a Praça Tiradentes reproduza o modelo da Lapa, onde a setorização noturna traz muitos problemas de gestão urbana e afasta a população fixa. A praça tem potencial de manter a diversidade de usos, de atrair mais gente para morar, além de empresas e comércios — diz Fajardo.
Marcos Corrêa, diretor do Espaço Acústica — endereço que promove festas há dois anos e que hoje realiza um debate, às 18h, sobre o futuro da Tiradentes e da Lapa —, afirma que a área tem potencial para se unir à Rua do Lavradio e atrair negócios no campo da cultura. Para ele, é preciso que a Tiradentes seja ocupada, especialmente à noite:
— Hoje é impossível fazer qualquer coisa na Praça Tiradentes numa quarta — diz Corrêa, que, aos poucos, vê os ambulantes invadirem a praça nas noites de festa, na falta de estabelecimentos noturnos.
Uma coisa é certa: independentemente de quem chegue, o novo e o antigo serão vizinhos. A começar pela Estudantina, cujo fantasma do despejo foi afastado com o tombamento. A casa continuará mantendo a tradição das gafieiras na praça, enquanto o João Caetano e o Carlos Gomes preservarão a dos teatros. Este último passa por uma restauração, que custará R$1,7 milhão ao município. Segundo o secretário municipal de Cultura, Emílio Kalil, o público ganhará a fachada de volta, hoje ocupada pelos banners dos espetáculos:
— A fachada é totalmente descaraterizada a cada espetáculo. Isso não vai ser mais possível. Vamos instalar um grande painel de LED, mais fino e adequado, que possibilitará a leitura dos espetáculos.
Na última sexta, a Orquestra Tabajara se apresentou na praça. Na próxima, haverá um baile com o Cordão da Bola Preta. Kalil conta que a mudança de dia foi estratégica:
— No domingo, se faz sol, as pessoas não vão até o Centro. Sábado é mais de programas em bares e restaurantes. Fazer o projeto no início da noite de sexta cria uma agitação, um grande happy hour.
Assim como os espectadores dos teatros e os amantes da música, os jogadores de sinuca ainda têm seu espaço na praça. O Bilhares Guanabara, por onde circularam grandes jogadores, mantém sua tradição, só com um detalhe novo: o almoço a quilo durante a semana, e a feijoada aos sábados. O aposentado Afonso Thiago, de 74 anos, bate ponto no bilhar nas tardes de quinta, quando revê os amigos .
— A praça não mudou nada, só tiraram as grades — comenta.


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