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segunda-feira, 26 de abril de 2010

AFONSO CELSO DE ASSIS FIGUEIREDO, O VISCONDE DE OURO PRETO




Afonso Celso de Assis Figueiredo , Visconde de Ouro Preto (1837 - 1912)




Político e magistrado brasileiro, foi ministro da Marinha e da Fazenda e Membro do Conselho de Estado.



Monarquista convicto, presidiu o último Conselho de Ministro do Império.




Foi preso no dia 15 de novembro, assim como os outros ministros, e após a república foi exilado.




Só voltou ao Brasil em 1891 continuando a participar de movimentos monarquistas.




Foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras (ABL)




FONTE: CAUSA IMPERIAL




Em junho de 1889, ao apresentar-se o novo ministério na Câmara dos Deputados, o deputado padre João Manuel declarou-se republicano, e concluiu o seu discurso bradando:




“Viva a República!”




Levantando-se, o Visconde de Ouro Preto retrucou energicamente:




— Viva a República, não!




Não e não!




Pois é sob a Monarquia que temos obtido a liberdade que os outros países nos invejam, e podemos mantê-la em amplitude suficiente para satisfazer as aspirações do povo mais brioso.




Viva a Monarquia !




Forma de governo que a imensa maioria da Nação abraça, e a única que pode fazer a sua felicidade e a sua grandeza.



Preso na noite de 15 para 16 de novembro, o Visconde de Ouro Preto foi conduzido ao quartel do 1º. Regimento, onde adormeceu.




Alta noite, entrou no compartimento um oficial, o tenente Menna Barreto, que lhe gritou:




— Acorde e prepare-se, que mais tarde tem de ser fuzilado.




Ouro Preto se pôs de pé e replicou:




— Só se acorda um homem para o fuzilar, e não para o avisar de que vai ser fuzilado.




O senhor verá que, para saber morrer, não é preciso vestir farda!



Exilado em Lisboa, o Visconde de Ouro Preto participava de uma roda de várias pessoas, em visita a um comerciante rico.




Um dos visitantes, que fizera fortuna no Brasil e voltara para Portugal, resolveu interpelar o Visconde, em tom de agrado:




— Hein, Sr. Visconde!




O povo daqui tem mais fibra que o de lá.




Não presenciaria bestificado a queda do regime, conforme a expressão de um ministro da República.




Nem deixaria, sem reação, ser expelido um soberano como D. Pedro II, e uma sumidade como V. Exa.



Com veemência, o Visconde respondeu:




— O senhor não tem competência para julgar a gente da minha terra.




É tão digna, altiva e capaz de bravura quanto a portuguesa.




Pelo menos, lá não há quem deixe o Brasil para vir ganhar dinheiro em Portugal, e depois regresse ao Brasil a falar mal dos portugueses.




Depois destas palavras, houve um longo silêncio.




Então o Visconde ergueu-se, acrescentando:




— Já que ninguém mais protesta contra a injustiça feita a meu País, retiro-me como um novo protesto.






Amenidades entre políticos do Império






Em um folhetim de 1855, dizia José de Alencar:




“No salão recebem-se todas as visitas de cerimônia ou de intimidade; dão-se bailes, reuniões dançantes e concertos.




Conversa-se ao som da música, conferencia-se a dois no meio de muita gente, de maneira que nem se fala em segredo, nem em público.



Se a palestra vai bem, procura-se alguma chaise-longue num canto de sala, e a pretexto de tomar sorvete ou gelados, faz-se uma transação, efetua-se um tratado de aliança.




Se a conversa toma mau caminho, aí aparece uma quadrilha que se tem de dançar, uma senhora a que se devem fazer as honras, um terceiro que chega a propósito, e acaba-se a conferência.




Livra-se assim o ministro do dilema em que se achava, do comprometimento de responder sim ou não”.




O Barão de Cotegipe definia pitorescamente a atividade social e política dos salões:




Não se faz política sem bolinhos.




O Marquês de Abrantes nunca se convencera da surdez do Marquês de Olinda, seu amigo.




Era uma surdez política, que melhorava ou piorava de acordo com a vontade do doente.




Certo dia Abrantes resolveu pôr à prova o assunto.




Enquanto jogavam cartas, disse em voz baixa, quase inaudível:




— Veja lá como joga, velho besta!




— Que diz?




— Digo que o senhor joga admiravelmente...




Terminada e ganha a partida, Olinda perguntou:




— Então, seu Abrantes, o velho besta jogou bem?




Dando uma gargalhada, Abrantes respondeu:




— Ah! seu Olinda, eu sempre desconfiei que o senhor só era surdo quando lhe convinha.




E acertei!



Francisco Acaiaba Montezuma, Visconde de Jequitinhonha, foi senador pela Bahia depois de ter sido o seu nome levado à Coroa três vezes.




O implacável “lápis fatídico” do Imperador tinha sobre ele anotações não muito favoráveis, e a indicação só foi conseguida pela insistência do Marquês de Paraná, presidente do Conselho de Ministros.



Morava em uma casa magnífica com grande chácara, no Rio Comprido.




O Imperador uma vez lhe disse:




— Sr. Visconde, tenho ouvido falar muito de sua residência.




Dizem que é uma bela vivenda.




— Vá Vossa Majestade almoçar lá, e poderá ver que, se não é digna de receber Vossa Majestade, é entretanto confortável para um homem como eu.




O Imperador aceitou o convite, e no dia marcado foi almoçar em casa do Visconde.




Durante a refeição, perguntou a Montezuma:




— O Sr. é fatalista?




— Sem dúvida.




E tenho motivos para o ser.




— Posso saber quais são?




— Olhe, Senhor.




A primeira vez que meu nome veio a Vossa Majestade na lista para ser senador, ao voltar do sertão da Bahia o cavalo em que eu montava tropeçou e eu caí: Vossa Majestade não me escolheu.




Da segunda vez deu-se o mesmo fato, e Vossa Majestade novamente não escolheu o meu nome.




Pela terceira vez deram-se as mesmas ocorrências, e então Vossa Majestade me escolheu.




— Mas não vejo onde está a fatalidade.




— É que Vossa Majestade havia de me escolher, querendo ou não.



Em fins de 1877, o Duque de Caxias, que presidia o Ministério, ficou muito doente.




Para certificar-se do estado de saúde do velho servidor, o Imperador foi visitá-lo na Fazenda de Santa Mônica, e verificou que ele não podia continuar incumbido de tarefa tão árdua.




Para substituí-lo, foi indicado o Visconde de Sinimbu.



Combinado com o Imperador o programa do Gabinete, nos termos acerca dos quais estavam de acordo, Sinimbu tratou de formar a sua lista de ministros.




A entrada de Silveira Martins no Ministério era não só o reconhecimento dos seus grandes serviços na oposição, mas também a satisfação de uma espécie de compromisso.




O notável tribuno era assíduo freqüentador da casa de Sinimbu, onde por vezes repetia que este devia organizar o próximo gabinete liberal.




Mas ouvia sempre a resposta:




— Qual!




O senhor não pense nisto, pois bem deve saber que será o Nabuco.Silveira Martins insistia. Um dia Sinimbu o atalhou:




— Pois bem, se eu organizar o Ministério, o senhor será o ministro da Fazenda.




O novo presidente do Conselho não quis que sua palavra voltasse atrás, e Silveira Martins foi para o Ministério.

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