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segunda-feira, 26 de abril de 2010

O QUARTEL DO CAMPO



26/04/2010 - 08:47 Enviado por: Paulo Pacini

JB


Um dos elementos mais comuns na vida das grandes cidades modernas é a organização de seu espaço segundo zonas, para as quais são estipuladas regras de ocupação, com a intenção de orientar seu desenvolvimento.


Esta diretriz, nem sempre a melhor escolha, era desconhecida no passado.


Residência, comércio, órgãos públicos ficavam lado a lado, formando um mosaico variado, onde o cotidiano se desenrolava.


Um dos elementos incluídos na trama urbana eram os quartéis, vizinhança experimentada de modo ambíguo, pois tanto podia trazer tranqüilidade quanto sobressaltos.


Em 1811, iniciavam as obras do quartel do Campo de Santana, para instalar as tropas vindas de Portugal junto com a família real, alojadas provisoriamente no Mosteiro de São Bento e em residências particulares.


O sítio foi escolhido não só pela sua posição central, mas por causa do próprio Campo, utilizado em exercícios militares.


Os trabalhos finalizaram em 1818, sendo o prédio composto por quatro lados com um pátio central. Construção simples e modesta, foi palco de acontecimentos dramáticos no século XIX, tendo o primeiro deles ocorrido em 1828.



O Ministério em 1911, reformado por Hermes da Fonseca


Após a Independência, foram contratados soldados na Alemanha e Irlanda como reforço nas lutas de consolidação do nascente Império.


Estes mercenários, contudo, vieram ao Brasil para ser agricultores, mas ao chegar foram encaminhados para a tropa, o que gerou insatisfação e protestos.


Em junho de 1828, um oficial boçal e arbitrário do quartel de São Cristóvão pune excessivamente um soldado alemão, iniciando uma revolta que se espalha por outras guarnições, com saques e depredações.


Os amotinados se refugiaram no quartel do Campo, e só se renderam após a munição esgotar.


Uma parte foi deportada e outra enviada para o Rio Grande do Sul. O episódio deixou centenas de mortos pela cidade.


Na gestão do Duque de Caxias, o prédio entrou em obras, ganhando pavimento superior e reformando sua fachada, concluída em 1861.


Foi nesse local, já então Ministério da Guerra, que ocorreu em 15 de novembro de 1889 o episódio da proclamação da República, iniciado como uma revolta militar comandada por Deodoro da Fonseca, que, à frente de tropas, marchou em direção ao Ministério.


Floriano Peixoto, encarregado da defesa do local, aderiu ao golpe, e mandou abrir as portas.


Deodoro entrou, e, dirigindo-se ao Visconde de Ouro Preto, declarou que o ministério estava deposto.


Para o bem e para o mal, nascia a República.


O antigo quartel passaria por mais uma transformação a partir de 1906, por iniciativa de Hermes da Fonseca, ministro da Guerra no governo Afonso Penna e futuro presidente da República.


A nova e elegante fachada do Ministério, contudo, não duraria muito tempo, pois, a partir de 1937 seria construído o prédio atual, o Palácio Duque de Caxias.


Este ocuparia seu lugar na história como um dos centros de articulação do movimento de 1964, que levaria ao período de ditadura, página trágica mas não menos importante da longa presença militar no Campo de Santana.

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