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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

BOULEVARD CARCELLER

O Boulevard Carceller

23/08/2010 - 09:06
Enviado por: Paulo Pacini
JB


Inúmeros e variados confortos da vida contemporânea geralmente são considerados como fato consumado, e que, ao que se sabe, sempre teriam existido.

A realidade, contudo, contradiz esta suposição.

Quem diria que o vulgar sorvete um dia só foi acessível aos abastados, ou, mais ainda, que tempo houve em que não existia?



Em 1834, chegava ao Rio o primeiro carregamento de gêlo, vindo dos EUA.

Envolvido por serragem, foi enterrado profundamente, sendo conservado por cinco meses.

Luigi Bassini, italiano radicado, utilizou-o e passou a fabricar os primeiros sorvetes do Brasil, causando sensação e tornando notório o trecho da rua Direita (Primeiro de Março) onde ficava sua casa, entre Ouvidor e o Beco dos Barbeiros.



Gôndolas em frente ao Carceller, verdadeiro "point" do século XIX



Anos depois, mudava-se para o local o francês Carceller, cujo restaurante seria um dos pontos de referência no centro da cidade por muitas décadas.

Fosse para tomar o café da manhã, como faziam os funcionários públicos, ou se refestelar em lautos almoços ou jantares — com direito a vinho e sorvete — o Carceller era visita obrigatória, mesmo que de vez em quando.



Sua fama gerou até um apelido para o trecho, chamado “Boulevard Carceller”, e a freguesia certa fez com que se instalasse em frente um ponto de gôndolas, espécie de van de tração animal.

Com alguns imóveis ainda conservados no local, o pitoresco Carceller é a lembrança de uma época em que coisas simples, como o gelo, eram motivo de espanto e podiam até mudar os hábitos e costumes de várias gerações.

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