Estilo histórico no Solar Marquesa de Santos
No ano da Independência do Brasil, 1822, chegava ao Rio Domitila de Castro
Canto e Melo, trazida de sua terra natal, São Paulo, pelo grande amor, o
imperador dom Pedro I, casado com Leopoldina.
Ela viveu de 1826 a 1829 num
palacete em São Cristóvão, hoje conhecido como Museu do Primeiro Reinado, ou
Solar da Marquesa de Santos.
Quase dois séculos depois, o cenário do romance
extraconjugal está em reforma para abrigar em dois anos o primeiro Museu da Moda
do Rio de Janeiro.
— Entendemos o lugar como um plataforma de ideias para pensar o assunto como
cultura no século XXI. O tempo da moda é algo que funciona de uma maneira muito
inclusiva. Não há problema em ter uma roupa do século XIX ao mesmo tempo que uma
calça jeans.
Acredito que a moda tem essa interlocução de juntar tempos e
construir diálogos com ele. Aqui vamos poder fazer isso de uma forma espacial.
Vai haver muita menção à história da casa, que teve um papel importante na
História da cidade em vários momentos — diz Luiza Marcier, diretora do
solar.
Um futuro para o passado no Bairro Imperial
Quem passa pela Avenida Dom Pedro II, em São Cristóvão, não imagina o tesouro
que o lugar guarda. São marcas do passado redescobertas pelos restauradores, que
trazem para o presente histórias para abrir novos horizontes, principalmente os
da moda.
A reforma do Solar da Marquesa de Santos — instalado no Palacete do Caminho
Novo — tem financiamento de R$ 4,2 milhões do Fundo Social do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Devido à degradação do prédio, as primeiras intervenções serão emergenciais,
combatendo infiltrações.
Essa primeira fase pode levar até oito meses, de acordo com o BNDES. Mais
tarde, o prédio do século XIX, que é tombado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan), passará pela recuperação do seu acervo
artístico.
No Salão Flora — onde se acredita ter sido o salão de apoio do quarto da
Marquesa de Santos —, restauradores trazidos de Portugal pelo Instituto Espírito
Santo, responsável pelo restauro, encontraram vestígios de ouro no teto. A
descoberta não foi a única.
— Achei uma espécie de marmorizado, que seria uma escaiola, imitação de
mármore de pedra, que se usava desde o Império Romano. É sempre uma grande
surpresa. E emocionante cada vez que você acha um desenho, quase um trabalho de
arqueologia — afirma Danuza Vieira, restauradora da Concrejato (responsável pela
recuperação estrutural do prédio).
Um dos objetivos do projeto, da Secretaria estadual de Cultura, é acolher no
local o segmento têxtil de São Cristóvão, além de colaborar para a revitalização
local. O Bairro Imperial concentra parte da indústria de confecção da
cidade.
— Além de termos um acervo têxtil e bibliográfico da moda brasileira,
queremos abrigar a sede do Polo de Moda de São Cristóvão. Chegamos a conversar
sobre o projeto com Oskar Metsavaht, diretor de estilo e criação da marca
Osklen, que tem fábrica em São Cristóvão. Até o fim do ano, teremos o cronograma
e os estudos de viabilidade do projeto — afirma a secretária estadual de
Cultura, Adriana Rattes.
Um comentário:
Em minha opinião,um "museu da moda" deveria funcionar em qualquer local que não o "SOLAR DA MARQUESA DE SANTOS".Por mais explicações que se dêem,não COMBINA essa idéia de mostrar a moda,através do tempo justamente ali,naquele casarão espetacular que deveria sim,ser restaurado para preservar,dignamente,a memória histórica daquela época.Que pena,ali poderia abrigar um acervo voltado para o primeiro reinado,contando tambem a história de Domitila e de outros moradores ilustres,com exposições,saraus,enfim,tudo que pudesse recriar aquela época,tão decisiva pra nós,brasileiros.Só espero que não descaracterizem o palacete...
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