Enviado por Jorge Antonio Barros -
12.8.2012
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12h00m
gente do rio
Estrada da Paz, o endereço das camélias de Álvaro
Álvaro das Camélias e Alvinho, seu sucessor, na chácara onde produz a
flor dos abolicionistas, no Rio
A 17 quilômetros do Mercado das Flores, no Centro do Rio de Janeiro, fica o
coração da loja de flores mais antiga da cidade. É a Chácara das Camélias, no
Alto da Boa vista, onde num clima de montanha, a família de Álvaro Barros
Moreira, o famoso Álvaro das Camélias, cultiva, de maio a julho, uma produção de
mil dúzias da
flor que foi símbolo dos abolicionistas. Eles a levavam na lapela e tinham
um pé plantado no quintal de casa, no Rio do século XIX.
-- No dia em que assinou a Lei áurea, que libertou os escravos, a princesa
Isabel recebeu em seu palácio um buquê de camélias -- conta, orgulhoso, Álvaro
Henrique Pires Moreira, o Alvinho, de 30 anos, um dos quatro filhos de seu
Álvaro, que, aos 71 anos, aposentado, começa a fazer a sucessão familiar na
direção da loja de flores mais conhecida da cidade, que nasceu em 1959.
Alvinho cuida do marketing e de relações públicas, enquanto que o irmão
Eduardo fica na administração e toca a internet. Com 40 funcionários e 15 dos 42
boxes do Mercado das Flores -- tombado pelo patrimônio na Rua do Rosário -- a
loja foi adquirida pelo pai de Álvaro de uma família portuguesa, que a havia
fundado em 1912, portanto, há cem anos. O mercado de flores do Rio surgiu por
volta de 1908. Entre os funcionários mais antigos da Camélia está Roberto
Pereira Lima, o Robertinho, que há mais de 40 anos trabalha no Mercado das
Flores de 1º de janeiro a 31 de dezembro. Deve ser o maior "floweralcoholic" do
mundo.
Álvaro das Camélias começou a trabalhar adolescente vendendo frutas, legumes
e camélias que eram produzidos na chácara do Alto da Boa Vista. O sítio fica na
Estrada da Paz. Tem piscina e quadra de futebol soçaite, onde as emissoras de TV
fizeram um campeonato para comemorar os 50 anos de seu Álvaro. O local parece
que parou no tempo e a avó de Alvinho, dona Margarida Andrade Pires, de 69
anos, não deixa o visitante sair sem deliciosas compotas de doces em calda e uma
dúzia de legítimos ovos de galinha caipira.
Ao longo de mais de 53 anos de trabalho na Camélia, seu Álvaro percorreu uma
trajetória impecável na arte de fazer amigos -- principalmente entre artistas,
jogadores de futebol e radialistas. Tudo começou com a promoção de um almoço que
fazia na Majórica, reunindo toda segunda-feira craques do futebol.
Foi ele quem conseguiu o primeiro emprego de Xuxa, como garota-propaganda da
Francisco Xavier Imóveis, a pedido de Pelé, de quem é amigo desde que o jogador
tinha 18 anos. (veja o vídeo com Pelé e
Xuxa)
-- Conheci a Xuxa numa comemoração no Canecão. Ela estava com
Pelé e pensei que fosse sueca porque ela não abria a boca. Aí depois o Pelé me
disse que era brasileira.
Seu Álvaro se aproximou dos jogadores a partir de seus contatos com os
programas de rádio, para os quais mandava diariamente flores para decorar o
auditório. Até hoje faz questão de agradecer, por exemplo, à radio Tupi na
pessoa do seu diretor, Alfredo Raimundo Dinepi.
-- Tudo que tenho devo ao meu trabalho e aos amigos do rádio e da TV. A
propaganda é realmente a alma do negócio -- lembra Álvaro, que foi jurado da
Discoteca do Chacrinha, onde viu surgir artistas como Fábio Júnior e era sócio
de carteirinha do "Almoço com as estrelas", programa de Aerton Perlingeiro na
extinta TV Tupi. Ali as flores da Camélia ganharam visibilidade.
Apesar de guardar na memória e em fotografias os melhores momentos vividos
como administrador da Camélia, o negócio se moderniza e ganha força na internet.
Alvinho observa que a venda cresce de 7% a 10% ao ano, enquanto que na internet
já chega a crescer 15% no mesmo período. A centenária Camélia está em mídias
sociais como o Twitter e só no Facebook já tem mais de seis mil amigos.
Feliz Dia dos Pais a todos!
Assista ao vídeo com seu
Álvaro e Alvinho.
Álvaro entrega flores no programa Almoço com as
estrelas
O Mercado das Flores na década de 60
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