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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

MAUÁ VIVE . . . QUE VENHAM AS FERROVIAS ! . . .



Nos trilhos do futuro
17 Ago 2012



Visão do Correio


A presidente Dilma Rousseff não pode perder a oportunidade que ela mesma criou para marcar sua passagem pelo comando do país com mudança histórica. A semente foi plantada no bojo do Programa de Investimentos em Logística, lançado quarta-feira. Muito além da inócua discussão semântica sobre a diferença entre privatização e concessão, o pacote trouxe pela primeira vez em décadas arrojado programa de investimentos em ferrovias.
Relegado até então ao pé de página, mero detalhe nos planos de governo, esse modal de transporte tem ajudado a aumentar a distância entre a vocação brasileira de protagonista da economia mundial e a realidade das condições precárias da infraestrutura de logística, incapaz de operar em escala compatível com o potencial do país. Para começar, dos R$ 133 bilhões de investimentos previstos no programa, mais de dois terços, R$ 91 bilhões, vão para a construção ou modernização de 10 mil quilômetros de estradas de ferro. Um bom começo de retomada para uma malha que não passa dos 28 mil quilômetros.
Tem mais. Além da compreensão de que, sem a operacionalidade da iniciativa privada quase nada se consegue fazer a tempo e a custo mais baixo, o pacote trouxe a correta visão de que investimento em infraestrutura demanda tempo para gerar retorno. A verdade é que a pressão por resultados eleitorais imediatos tem sido obstáculo poderoso à opção pelas ferrovias. Desde o pós-guerra, elas vêm sendo literalmente sucateadas no Brasil, exceto os trechos que foram alvo de contratos de concessão à iniciativa privada nos anos 1990.
Filas de caminhões que enfrentam quilômetros de perigos, não raro manchando os acostamentos com o vazamento de grãos — para citar apenas o exemplo de nossos produtivos campos de soja —, marcam a diferença de prazos e custos de nossas exportações em relação a nossos concorrentes.
Recente estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) comparou a participação das ferrovias na matriz de transportes do Brasil com outros países e concluiu que, entre os de grande extensão, somos os que menos empregam as ferrovias. Na Rússia, elas respondem por 81% de tudo o que é transportado; no Canadá, 43%; nos Estados Unidos e na Austrália, 41%; enquanto no Brasil, até 21%. Ainda segundo o trabalho do Ipea, entre 1999 e 2008, os investimentos em transportes no Brasil jamais passaram de 0,2% do PIB de cada ano.
Recebido com entusiasmo pelo setor produtivo, o programa de ferrovias é politicamente corajoso pelo tempo que levará para ser implantado e certeiro como instrumento de injeção de qualidade no crescimento do país. Por isso mesmo, deve a presidente jogar pesado todos os dias para que o Estado faça bem e rápido a sua parte no planejamento, na montagem dos editais e na competente regulação da prestação do serviço a ser concedido. O Brasil do futuro agradece.

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