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sábado, 18 de maio de 2013

A Rua do Resende


Quarta, 27 Fevereiro 2013 15:50

A Rua do Resende

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O desenvolvimento de uma cidade, indicador de seu sucesso, ocorre geralmente pela ampliação de sua área urbana, embora também possam ser feitas mudanças em trechos já existentes, sendo que essas últimas nem sempre são acertadas. Sua motivação é frequentemente a especulação imobiliária, como, por exemplo, as obras atuais do "porto maravilha", cujo pretexto é dado pela Copa do Mundo e pelas Olimpíadas, eventos para os quais a prioridade absoluta deveria ser a melhoria transporte do transporte coletivo, o qual, relegado a um plano secundário, certamente contribuirá para futuros vexames.
O tipo de expansão mais coerente, desde que devidamente planejada e obedecendo a critérios que visem o bem estar presente e futuro da comunidade com um todo, é a incorporação de uma nova área, antes deserta ou pouco ocupada. Na história do Rio antigo, tal ocorreu quase sempre pela drenagem de trechos alagados e pântanos, abundantes tanto pelas chuvas frequentes quanto por conta da pouca diferença de altura dos terrenos em relação ao mar, dificultando o escoamento da água. Assim, a conquista aconteceu a duras penas, feita com as próprias mãos e auxílio de animais de carga, mas nada mais que isso.

resende


A rua do Resende em 1892, foto de J. Gutierrez. À esquerda ainda pode ser visto
o Morro do Senado, que só desapareceu em totalmente em 1908. Em seu lugar
está a praça Cruz Vermelha.


Durante o governo do vice-rei Conde da Cunha, de 1763 a 67, decidiu-se pela criação de novos logradouros, para favorecer a comunicação entre diferentes áreas da cidade e também contribuir para o saneamento pela eliminação de alagados. Um dos principais objetivos foi o enxugamento do pantanal de Pedro Dias, situado entre a rua do Riachuelo, o morro de Santa Teresa e o de Pedro Dias (do Senado). A grande área se estendia até as proximidades das ruas Visconde do Rio Branco, Frei Caneca e Haddock Lobo, se integrando com o mangue de São Diogo, ligado ao mar.

Um governante posterior, o Conde de Resende, resolveu abir, em 1796, uma nova rua nessa área, ainda que nem todos os trechos tivessem sido drenados. O traçado começava no final da rua dos Arcos e terminava na do Riachuelo (Matacavalos), seguindo por uma precária servidão pública que passava por diversas valas, em trechos de hortas e arrozais. Para sua abertura, Jerônima de Assunção cedeu a propriedade, e Manoel José Ferreira de Araújo teve a sua desapropriada. A nova rua, chamada do Resende desde 1798, contudo, ainda não alcançava a do Riachuelo em 1808, quando a côrte portuguesa aqui chegou, só tendo seu trajeto completado, enfim, em 1848.

Após ter conquistado terra firme, com a drenagem das águas, o endereço ganhou progressivamente boa fama, nas primeiras décadas do século XIX. Vários personagens ilustres tiveram nela moradia, como o Conde Félix Taunay, diretor da Escola de Belas Artes, o Almirante Tamandaré, o engenheiro Belfort Roxo e o folclorista Melo de Morais Filho, dentre outros. O ator Leonardo Fróes também foi morador, e foi instalada a Saúde Pública em 1914.

A rua do Resende foi um exemplo de urbanização positiva, conquistando uma área nova, ao contrário de outras obras que se dedicaram à destruição do que já existia, como, por exemplo, a avenida Presidente Vargas, cujo objetivo foi antes de tudo se constituir como símbolo de um poder autoritário, conforme pode ser lido na obra de Evelyn Lima intitulada Avenida Presidente Vargas: Uma drástica cirurgia. Nada resolveu, ao contrário do que muitos pensam, em termos de transporte, pois, para uma metrópole como o Rio, a única solução para se manter a qualidade de vida é a existência de uma rede abrangente de metrô. Caso tal tivesse sido feito quando da construção da avenida, nos anos 40, provávelmente não teríamos sofrido a degradação que levou à situação atual.
É sempre bom ter tais fatos em mente ao se analisar as "grandes obras" que são feitas e indagar que interesses no fundo elas estão servindo, se os da maioria ou os daqueles que habitualmente se locupletam com o dinheiro público procurando se eternizar no poder.

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