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sábado, 18 de maio de 2013

O Hotel Paineiras


Quarta, 24 Abril 2013 14:01

O Hotel Paineiras

Escrito por
A invenção do sistema de tração por cremalheira do francês Niklaus Riggenbach, patenteada em 1863, abriu um novo mundo de possibilidades para o turismo, pois, a partir de então, tornara-se possível chegar aos cumes mais elevados confortavelmente, sentado em um banco de trem. A primeira ferrovia a utilizar a nova modalidade foi a do Monte Rigi, perto do lago Lucerna, na Suíça, em serviço desde 1871.
Aqui no Rio, um grupo de empreendedores resolveu levar adiante projeto similar, ligando o Cosme Velho ao alto do Corcovado. Em janeiro de 1882, o governo imperial concedeu privilégio aos engenheiros Francisco Pereira Passos e João Teixeira Soares para a construção da ferrovia, além da cessão dos terrenos para a passagem dos trilhos, estações e outras dependências, dentre as quais previa-se a construção de um hotel.

hotel_paineiras_2

Hotel Paineiras nas primeiras décadas do século passado.
Pode ser visto no alto do Corcovado o Chapéu de Sol, abrigo
metálico existente antes das mudanças feitas com a
instalação da estátua do Cristo em 1931.



Em 9 de outubro de 1884 foi finalmente inaugurada a estrada, entre o Cosme Velho e as Paineiras. Com a presença do imperador D. Pedro II, o trem subia pelos íngremes aclives, quase desafiando a lei da gravidade. Após cruzar a estação do Silvestre, o trem deteve-se para se reabastecer com água, antes de chegar a seu destino final, na estação das Paineiras. Lá todos desceram, se encaminhado para o hotel, também inaugurado nessa data. Após recepção, brindes e contemplação da maravilhosa paisagem, voltou-se ao Cosme Velho no início da noite. O trecho final da ferrovia, entre as Paineiras e o Corcovado seria entregue em 1º de julho de 1885.
Desde sua inauguração, o Hotel Paineiras tornou-se uma atração para todos que desejavam desfrutar um belo panorama ou até mesmo se recolher da agitação da vida na cidade, tendo o privilégio único no mundo de poder fazer isso sem ter de viajar, uma vez que o Rio é a única cidade a possuir uma floresta transformada em parque nacional em seu interior. No século passado, o hotel foi muito utilizado pelos times de futebol como concentração, em uma época ainda sem exigências exageradas de luxo e sofisticação.
O destino do Hotel das Paineiras esteve durante muito tempo ligado àquele da ferrovia. Esta mudou de mãos várias vezes, primeiro em 1887, depois em 1889, sempre por problemas financeiros, e, em 1903, foi decretada sua falência. Em 1909, a Light assumiu a concessão e tratou de substituir a tração a vapor pela elétrica. No ano seguinte, começou a funcionar o novo sistema, com trens da companhia suíça Oerlikon, movidos por motores AC trifásicos de 750 volts. O contrato com a Light findou em 1970, tendo o governo do Estado da Guanabara assumido a operação. Devido à má conservação, foi necessária a substituição dos trens, o que entretanto só ocorreu em 1979. Os carros, encomendados à também empresa suíça SLM/BBC, em número de três locomotivas e três reboques, são os mesmos que estão atualmente em serviço.

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Estação das Paineiras no final do século XIX, em foto de J. Gutierrez. Hoje só
uma passagem, era ponto de parada para quem ia para o Hotel Paineiras.



O resgate do Hotel Paineiras como marco histórico torna-se oportuno em vista do expressivo aumento do movimento turístico que a cidade tem experimentado nos últimos anos, e que, ao que tudo indica, não deve cessar de crescer. Todo o acesso ao Corcovado e áreas próximas, contudo, sofreu com o crescimento do número de automóveis que, transportando poucas pessoas, ocupam espaço demasiado e causam impacto ambiental negativo, tornando-se necessário restringir sua circulação no local.
A única maneira de propiciar acesso razoável ao público, ou pelo menos diminuir o gargalo atual, é a aquisição de mais trens, assim como o uso de um sistema informatizado que permita uma melhor coordenação com o tráfego incrementado, pois a ferrovia tem só uma linha e algumas áreas de espera. O material tem de ser de qualidade, certamente de fabricação suíça como o atual, pois eles são os especialistas da modalidade. O uso de mais um "lixo chinês", como foi o caso do metrô, pode comprometer todo sistema. Isso é o que deveria ser feito, mas, como é praxe por aqui, só ocorrerá provávelmente em um futuro muito, muito distante.

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