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sábado, 18 de maio de 2013

O Clube Naval


Quarta, 01 Maio 2013 13:04

O Clube Naval

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Devido às grandes transformações ocorridas no Rio de Janeiro ao longo do tempo, é frequentemente difícil localizar lugares do passado, pelos poucos pontos de referência restantes, devido à amplitude das alterações e desaparecimento dos marcos de outrora.
Um dos locais históricos de maior interesse e que praticamente não mais existe é o antigo bairro da Misericórdia. Primeiro a ser ocupado na várzea, isto é, na parte plana logo abaixo do Morro do Castelo, foi a primeira praia da cidade, onde barcos carregavam e descarregavam mercadorias e pessoas rumo ao centro urbano morro acima. Com o aumento da segurança, pois já não ocorriam ataques de índios por terra e piratas a partir do mar, a Misericórdia cresceu rapidamente a partir do início do século XVII. A praia, ainda nesse século, recebeu o nome de D. Manuel, em lembrança do governador que fundou a Colônia do Sacramento (Uruguai) e morreu em uma prisão espanhola, em 1680.

clube_naval

Prédio do Culbe Naval no início do século passado. Ao fundo pode ser vista
a Estação das Barcas Ferry.



Principal porto da cidade durante muito tempo, a praia D. Manuel oferecia acesso direto à Misericórdia, bairro que, apesar de ter seu nome por conta do hospital da Misericórdia, era mais conhecido por sua ligação com o mar e sua gente. Assim continuou até as primeiras décadas do século XIX, quando foi construído o Hotel Pharoux, depois de 1816, primeiro hotel de qualidade do Brasil, que deixaria como herança seu nome ao cais até os dias de hoje. A presença do Pharoux trouxe novo movimento, com mudanças que, no início do século seguinte, levaram ao aterramento da Praia D. Manuel e à criação do Mercado Municipal. Nascia a Rua D. Manuel.
Com um traçado curvo que, como o da rua da Misericórdia, seguia a antiga linha do mar, a rua D. Manuel não teria vida longa, contudo. Com a destruição do Morro do Castelo em 1922, todo bairro da Misericórdia começou a desaparecer, primeiro, com a demolição de grande parte com vistas à exposição do centenário da Independência, e o resto aos poucos, até a destruição final nos anos 50. Os poucos vestígios que persistiam se foram com a abertura da Avenida Perimetral, que destruiu também o Mercado Municipal de 1908, o qual não chegou a completar nem ao menos 60 anos de existência.
O pouco que resta da Misericórdia pode ser visto, além do edifício da Santa Casa e aquele do Museu Histórico Nacional, nos becos próximos ao Paço Municipal, como a Travessa do Paço e a da Natividade, e em dois prédios no início da rua D. Manuel: a Procuradoria Geral do Estado, antiga Caixa Econômica, construído no século XIX, e o Museu da Marinha, antigo Clube Naval.
O belo prédio foi inaugurado em junho de 1900, com a presença de altas autoridades da Marinha e do arcebispo D. Joaquim Arcoverde, que benzeu a construção. A nova sede do clube foi recebida com grande satisfação pelos oficiais, pois durante anos não dispuseram de local próprio, mudando de endereço várias vezes. A presença do clube no prédio, contudo, não duraria muito, pois com a abertura da Av. Rio Branco, foi construída nova sede, na esquina da Av. Almirante Barroso, onde permanece até hoje. O Clube se transferiu para o novo local em 1910, e a sede anterior foi ocupada por vários órgãos da Marinha e pelo Foro Criminal. Hoje funciona o Museu Naval, onde pode ser conhecida em maiores detalhes a participação da Marinha Brasileira na história do país, ao longo de vários séculos.
O prédio do Museu Naval, além de seu valor intrínseco, serve como baliza para nos localizarmos em relação ao desaparecido bairro da Misericórdia, cuja descaracterização completa continua ainda hoje com os vários prédios construídos pela Justiça naquele que foi outrora um modesto bairro de pescadores e marinheiros, mas ao mesmo tempo palco acontecimentos de destaque na história da cidade.

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