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sábado, 18 de maio de 2013

O Teatro Provisório


Quarta, 10 Abril 2013 11:16

O Teatro Provisório

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É sabido que a chegada da côrte portuguesa ao Rio de Janeiro, em 1808, provocou profunda transformação em todas esferas da vida da cidade, a qual teve de acordar súbitamente de seu sono colonial para tornar-se capital de um reino. As rudes condições de existência e o deserto cultural vigente, até então mantidos pela metrópole, não se coadunavam com o público sofisticado que chegara com o príncipe, e urgia mudar aquela situação desoladora.
No campo das diversões, a iniciativa principal coube a Fernando José de Almeida, o Fernandinho, cabeleireiro de D. João, ao conseguir do regente autorização e auxílio para a construção do primeiro teatro local digno deste nome. Construído em frente à atual praça Tiradentes, ficava onde é hoje o João Caetano, e primeiro se chamou Teatro S. João.

teatro_provisorio

Teatro Provisório no Campo de Santana em 1853. Pode ser visto ao fundo o antigo
Museu Histórico, hoje em reformas. O teatro seguia o alinhamento aproximado
da Rua da Constituição ( gravura do livro de Gilberto Ferrez, A Muito Leal e
Histórica Cidade do Rio de Janeiro).



Uma sombra, porém, pairava sobre o prédio, pois, tendo sido construído com as pedras que deveriam ter sido utilizadas na nova Sé — nunca concluída, ficando em seu lugar a antiga Escola Politécnica, hoje IFCS — a obra estava, segundo o povo, marcada por mau agouro.
Verdade ou não, o Teatro São João, logo chamado de São Pedro de Alcântara, foi vítima de grandes incêndios, que o destruíram quase totalmente. O primeiro ocorreu em 1823, confirmando o presságio popular. Reconstruído, pegou fogo de novo em agosto de 1851, e, sendo a destruição muito maior, previu-se que sua restauração levaria alguns anos. Como a capital imperial não poderia ficar sem uma casa de espetáculos de grandes dimensões, sendo o São Pedro a única naquele momento, decidiu-se pela construção de uma casa provisória, enquanto durassem os três anos previstos das obras do São Pedro. Essa característica daria nome ao novo prédio: Teatro Provisório.
O local escolhido foi o Campo de Santana, e os trabalhos começaram logo, em setembro de 1851, pelo português Vicente Rodrigues, e no ano seguinte estavam concluídas. O prédio foi colocado com a face virada para sudeste, para a rua Visconde do Rio Branco. Sua frente seguia aproximadamente o alinhamento da rua da Constituição. Tinha capacidade para aproximadamente 1000 pessoas. Inaugurado em março de 1852 com a ópera Macbeth, de Verdi, recebeu a presença do imperador D. Pedro II, conferindo prestígio à nova casa, que passou a se tornar a nova referência artística da cidade. Foi rebatizado em 1854 com o nome de Lírico Fluminense.
Enquanto isso, seguiam as obras do São Pedro, que, sob o impulso vigoroso do ator João Caetano, proporcionaram sua reabertura um ano após o incêndio, em agosto de 1852. O provisório, contudo, continuava a funcionar no Campo de Santana, tendo ainda vários anos de vida previstos, segundo o contrato de construção. Isso foi deveras oportuno, pois, em janeiro de 1856, a maldição se abatia mais uma vez sob o São Pedro, que teve seu terceiro incêndio em 32 anos. Teria de ser mais uma vez reconstruído.
Esses acontecimentos só fizeram estender mais ainda a vida do Teatro Provisório, que, ao invés dos três anos previstos, duraria até 1875, em um total de 23 anos! Grandes artistas subiram ao seu palco, como a cantora Candiani e o pianista Gottschalk, e, durante o período de sua existência, tornou-se uma das principais casas de espetáculos da cidade. Quanto ao São Pedro, sobreviveu e foi reconstruído, mas o que o fogo não conseguiu o prefeito Prado Júnior fez durante sua gestão, com a demolição estúpida de uma das casas mais tradicionais do Rio de Janeiro, substituído pelo atual João Caetano, um bom teatro, mas sem a importância história e até mesmo estética do antigo São Pedro.

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