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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O Terraço do Passeio


O Terraço do Passeio
Escrito por Paulo Pacini   
Qua, 28 de Dezembro de 2011 10:18

O Passeio Público, além de lugar aprazível, tem a honra de ter sido a primeira área de lazer do Rio de Janeiro, construído em uma época que poucos governantes se preocupavam com a qualidade de vida dos habitantes, mas antes possuir a colônia e garantir o saque de suas riquezas.
 


Felizmente, para os cariocas, o vice-rei Luís de Vasconcellos foi exceção a tal atitude, encarregando seu amigo e artista Mestre Valentim da construção do belo jardim, inaugurado em 1783. Com magnífica vegetação e obras de arte, tornou-se local predileto para o espairecimento da população, que lá ia até mesmo à noite, caso estivesse na lua cheia. A obra mais conhecida do acervo artístico do parque sempre foi o chafariz, conhecido como Fonte dos Amores, que, apesar de perder vários elementos ao longo do tempo, como as cegonhas e o coqueiro, ainda está presente. Do lado oposto, fica o menino que derrama água no barril, com a frase "Sou útil ainda brincando". O original, de mármore, foi roubado no século XIX, e o que lá está — por enquanto —  é uma cópia de chumbo.
 


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Terraço do Passeio no tempo do Império, ainda à beira-mar
 

A estátua do menino ficava em uma parte do Passeio ignorada hoje, que foi o seu terraço. Formado por uma grande área, tinha balaustrada e ficava à beira-mar, com ondas quebrando junto ao paredão. Para complementar, Luís de Vasconcellos criou dois pavilhões no terraço, um em cada extremidade. Tinham forma quadrangular, decorados por artistas mestres em sua arte, um por Francisco dos Santos Xavier, o Xavier das Conchas, e o outro por Francisco Xavier Cardoso, o Xavier dos Pássaros. Usando conchas e penas de pássaros, cada um dos pavilhões foi ornamentado utilizando-as como elemento básico, com grande sucesso na época. Em seu interior, haviam vários murais de Leandro Joaquim.  Infelizmente, o abandono que se seguiu, junto com ressacas violentas, deteriorou os pavilhões, que foram demolidos em 1817.
 


A vinda da côrte portuguesa e a Independência do Brasil não mudaram a situação do pobre Passeio, cada vez mais depredado e decadente, e só durante a Regência, em 1835, é que foram colocadas grades de ferro e feitas mais algumas obras de manutenção, mas foram surtos esporádicos em meio ao abandono prolongado. Seu destino só mudaria com D.Pedro II, em cujo governo, em 1854, foi concluída a construção de dois pavilhões octogonais no terraço, em substituição aos antigos, e em 1862 a reforma geral sob comando do paisagista francês Glaziou.
 


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O mar afastado e o terraço em 1910, tendo em frente a nova avenida
 

A partir de então, o terraço do Passeio se tornaria um dos pontos preferidos do parque. Em 1870, foi instalado no local um bar volante, onde tocava todas as noites uma banda alemã e era servida cerveja da Guarda Velha, uma das fábricas mais antigas, a 400 réis a garrafa. O cliente podia saborear a bebida enquanto apreciava a bela paisagem da baía da Guanabara. A abertura da Av. Beira-Mar, em 1906, afastou definitivamente o mar, e também causou a demolição da balaustrada do terraço, decretando seu fim enquanto área de lazer, pois do som de ondas quebrando passou-se ao barulho de automóveis e outros veículos, perdendo dessa forma o principal atrativo.
 

Restam algumas imagens recordando essa época mais tranquila, e não deixa de surpreender que o terraço do Passeio, cuja rua em frente tem um dos piores tráfegos de toda cidade, pudesse um dia ter sido local tão tranquilo, e, quem diria, à beira-mar.

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