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domingo, 10 de março de 2013

A Estrada de Matacavalos


Quarta, 02 Janeiro 2013 08:35

A Estrada de Matacavalos

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Após a derrota e expulsão do invasor francês da Guanabara, os governantes portugueses, com a cidade instalada no alto do Morro do Castelo, então chamado de Descanso, começaram a distribuir terras entre os pioneiros de primeira hora, pois sua ocupação era um objetivo prioritário.
Longe da área central formaram-se alguns engenhos e fazendas, tanto ao sul quanto ao norte. O maior quinhão foi abocanhado pela Companhia de Jesus, cuja sede ficava no Colégio do Morro do Castelo. Sua fazenda começava no Engenho Velho e prosseguia até Inhaúma, uma extensão tão grande que é difícil até mesmo conceber hoje em dia como estando em mãos de uma só pessoa ou instituição.
rua_riachuelo

Rua do Riachuelo, antiga Estrada de Matacavalos, um dos primeiros
caminhos para se chegar à zona norte, utilizado desde o século XVI
Seja como for, sua criação, assim como das outras propriedades, originou um tráfego de pessoas e bens entre a periferia e o centro, e, no caso da zona norte, o principal responsável foi a fazenda dos jesuítas. Para chegar até lá, contudo, era necessário superar vários obstáculos que se repetiam por toda parte: terrenos alagados originados pela retenção de águas pluviais.
Uma das possibilidades de se alcançar a lagoa da Sentinela, ponto de partida para Catumbi, Mataporcos (Estácio), Rio Comprido, S. Cristóvão e Engenho Velho, era o Caminho de Capueruçu, seguindo o trajeto das atuais ruas da Alfândega e Moncorvo Filho, desviando dos pântanos para chegar na área da lagoa, próximo ao encontro das ruas Frei Caneca, Mem de Sá e Santana, daí continuando rumo norte.
Logo surgiu outra alternativa, dessa vez partindo junto ao Morro do Desterro (Santa Teresa) na região da Lapa, e seguindo pela encosta da montanha, sempre que possível alguns metros acima dos alagados bem ao lado. Como o tráfego, conforme assinalado acima, era composto principalmente por veículos e tropas de animais dos jesuítas, a via recebeu deles seu primeiro nome: Caminho do Engenho dos Padres da Companhia.
Quando fazia sol, em plena estiagem, o caminho, ainda que tão ruim como os outros, era utilizável, mas quando chovia sua travessia tornava-se extremamente penosa e arriscada. Situado entre dois grandes morros, de Santa Teresa e Pedro Dias (depois do Senado, desaparecido totalmente em 1908), ficava junto a um grande alagado, chamado de sanga sem nome, formado pelas águas estagnadas. Na ocasião das chuvas, a enxurrada descendo os morros transformava tudo numa grande lagoa pantanosa e intransitável.
Os animais de carga que tivessem a infelicidade de ali passar nessas condições sofriam muito, e, ante a exaustão causada pelo tremendo esforço de tentar superar o obstáculo, muitos não conseguiam e acabavam morrendo, fato que levou, no início do século XVIII, ao novo nome do caminho: Azinhaga, e, posteriormente, Estrada de Matacavalos. Em 1848, tornou-se oficialmente Rua de Matacavalos, e, como conseqüência de uma vitória brasileira na Guerra do Paraguai, em 1865, passou a se chamar de Rua do Riachuelo, o que continua até o presente.
Via de grande movimento em um dos bairros mais densamente povoados do Rio de Janeiro, a rua traz em seu próprio trajeto, subindo e descendo suavemente ao lado da encosta do Morro de Santa Teresa, a lembrança de tempos antigos, em que uma curta viagem podia tornar-se uma aventura com lances imprevisíveis

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