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domingo, 10 de março de 2013

O Lido


Quarta, 21 Novembro 2012 12:25

O Lido

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Durante muito tempo, a expansão da cidade do Rio de Janeiro seguiu duas principais direções: a norte-noroeste, acompanhando os trens de subúrbio, e ao sul ao longo do litoral. O exemplo mais importante da última tendência é sem dúvida o bairro de Copacabana, quase inteiramente despovoado até o final do século XIX, quando empreendimentos imobiliários e a chegada do bonde, além de outros serviços essenciais, deslancharam seu crescimento.
Era necessário organizar a ocupação, e assim os incorporadores, representados principalmente pela Empresa de Construções Civis, definiram, já em 1894, um layout para o novo bairro, posteriormente acrescido de extensões e novas ruas, mas essencialmente o mesmo até hoje. Dentre os logradouros criados e nomeados, figuram duas praças importantes e conhecidas: a Praça Malvino Reis, atual Serzedelo Corrêa, em frente à estação de bondes e na parte mais movimentada, e a Praça 26 de janeiro, conhecida há muito como do Lido. Mas qual a origem de seu nome?
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Praça do Lido nos anos 40. Ao fundo, à esquerda, vê-se o restaurante em uma
casa de estilo normando, construído em 1928. Deu o nome ao local e foi
demolido no começo dos anos 60.
A modernização da cidade, iniciada no começo do século passado, teve em Copacabana sua expressão mais viva, sendo o bairro mostrado como antítese ao centro da cidade, velho e decadente. Esse estado de espírito, predominante na época, fazia com que houvesse uma necessidade premente de mostrar ao mundo que éramos também desenvolvidos, em um esforço de auto-afirmação e negação do próprio passado. Esse sentimento foi também acentuado por dois eventos importantes, as exposições de 1908 e 1922. A primeira, marcando o centenário da abertura dos portos às nações amigas, realizada na Praia Vermelha, apresentou o novo Rio ao mundo, com sua Avenida Central, um boulevard parisiense em pleno trópico. A exposição de 1922, centenário da Independência, foi realizada com a destruição do Morro do Castelo, símbolo odioso aos olhos da burguesia de então, que gostaria de anular a própria história. Contentaram-se, contudo — além de ganhar muito dinheiro — com o fim da mais importante peça do patrimônio histórico, a cidade original do Rio de Janeiro, perdida para sempre.
No intuito de promover a nova imagem e oferecer aos visitantes de 1922 um local em Copacabana para seu lazer, o prefeito Carlos Sampaio construiu na Praça 26 de janeiro o restaurante Lido, além de um posto do Serviço de Salvamento, para prestar socorro às vítimas de afogamento. O restaurante foi substituído em 1928 por uma construção de estilo normando, transformando-se em um dos principais pontos de interesse e lazer do novo bairro, sobrevivendo até 1960. Muitos músicos famosos se apresentaram no local, que também realizava diversos bailes de carnaval. A Praça então já se chamava Irmãos Bernardelli, em homenagem a Rodolfo e Henrique Bernardelli, dois dos mais importantes artistas plásticos do período entre o final do século XIX e início do seguinte e moradores do local.
A Praça dos Irmãos Bernardelli, conhecida por todos como do Lido, continua sendo um dos pontos mais conhecidos, oferecendo um oásis de lazer em um bairro que a especulação imobiliária restringiu tal tipo de área quase que únicamente à areia da praia. Mesmo tendo tudo mudado à sua volta, o Lido pode se orgulhar de uma origem que remonta ao tempo em que Copacabana não era mais que um areal recém descoberto pela cidade.

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