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domingo, 10 de março de 2013

Monumentos Itinerantes


Quarta, 12 Dezembro 2012 10:12

Monumentos Itinerantes

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Uma das mais freqüentes medidas tomadas por várias administrações municipais é a troca do nome de ruas e outros logradouros, tais como praças, largos, etc., por razões políticas. Afinal, não custa nada, e com uma penada muda-se uma tradição local, por vezes secular, em troca de uma adulação ou populismo que possa angariar votos. Assim tem sido há muito tempo, e é pouco provável que esse tipo de atitude mude algum dia.
Estatua_caxias

Estátua do Duque de Caxias no Largo do Machado, hoje em frente ao Ministério
do Exército na Av. Presidente Vargas
Outra ocorrência comum na vida de muitas cidades é a mudança de estátuas e monumentos, as quais geralmente ocorrem por conta de intervenções de maior porte, como modificações e abertura de ruas, remodelações de praças, etc. A colocação original desses monumentos procura, em linhas gerais, associar o personagem ou evento ao local, ou colocá-lo em uma posição de grande visibilidade pela freqüência do público. Seja como for, é criada uma ligação com a nova obra, que torna-se uma referência visual coletiva.
Muitas mudanças foram de pouco impacto, mas outras impuseram à força um novo significado a locais com grande tradição. Um dos melhores exemplos é a estátua eqüestre do Duque de Caxias, bela obra de Rodolfo Bernardelli, colocada inicialmente no Largo do Machado. Apesar do personagem não possuir nenhuma ligação em especial com o local, e o monumento não ser particularmente ofensivo, a praça sempre gravitou em torno da Igreja de N.Sª da Glória, pelo menos desde sua construção, no século XIX, e a colocação da estátua de Caxias tinha um pouco de uma intrusão. Mas a coisa não parou por aí: durante a ditadura Vargas, em 1933, foi decidida a mudança do nome do largo para Praça Duque de Caxias, rompendo uma tradição mais que secular. O povo jamais adotou essa denominação, e após o deslocamento do monumento para o mausoléu da Av. Presidente Vargas, em frente ao Ministério da Guerra, onde deveria ter sido colocado originalmente, a praça retomou seu nome tradicional de Largo do Machado por decreto de 1949.
chafariz_p15

Chafariz da Praça XV, hoje no lugar do Palácio Monroe, destruído estúpidamente
em 1976
Outro monumento que não está mais em local original é o chafariz da Praça XV, fabricado no Val D'Oise, na França durante o século XIX. Ocupa hoje o lugar do Palácio Monroe, demolido em 1976. Outro chafariz célebre é o da Praça Onze, projeto de Grandjean de Montigny de 1846, ainda preservado mas quase anônimo na Praça Afonso Vizeu, no Alto da Boa Vista. Anteriormente um dos símbolos da movimentada vida do bairro, de lá teve de sair com a abertura da Av. Presidente Vargas, que em sua voracidade de destruição levou consigo a própria praça.
Um monumento curioso, também deslocado, é a Fonte Ramos Pinto. Seu nome provém de um conhecido fabricante de bebidas português, Adriano Ramos Pinto, que produz um dos melhores vinhos do porto. No começo do século passado, o consumo de bebidas alcoólicas em terras brasileiras era tão alto, dando tanto lucro ao fabricante, que ele decidiu prestar homenagem a tão prestigioso público, encomendando em 1904 ao artista francês Eugene Thivier o chafariz, que foi inaugurado em 1906 na Glória com a presença do presidente Rodrigues Alves e do prefeito Pereira Passos. Está hoje na entrada do Túnel Novo, em Copacabana, sem água, anônimo e geralmente coberto de pichações.
fonte_ramos_pinto

Fonte Ramos Pinto, inaugurada em 1906, na Glória. Fica hoje na entrada do
Túnel novo, seca e quase sempre com pichações
A mudança dos monumentos, pelo que foi exposto acima, é algo que deve ser evitado sempre que possível, apesar de haver casos em que é inevitável, como em alterações que tornem seu deslocamento imperioso. Um dos motivos atuais que poderiam levar a uma tal medida seria sua exposição ao vandalismo e ladrões de metais, que sempre voltam a atacar pela inexistência de uma vigilância eficaz, além de punições lenientes, transformando a depredação/reparação num eterno retorno. O recente vandalismo e roubo do Chafariz das Saracuras na Praça General Osório nos leva a pensar se esta bela obra dos tempos da colônia, pertencente ao Convento da Ajuda até 1911, não seria melhor protegida e apreciada no interior do Jardim Botânico, a exemplo de tantas outras que lá encontraram abrigo.

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